A violência e educação.

Desde o Humanismo, tem se tornado cada vez mais evidente a necessidade do homem em estabelecer uma ética universal, que fosse compartilhada a partir da racionalidade e aplicada a todos os seres humanos, possibilitando o desvinculo da influência da religião nas esferas mais variadas da vida humana.

 

 

Na época contemporânea, fatores como a globalização, a secularização e a migração, resultaram no pluralismo, fazendo-se ainda mais necessária a aplicação de uma ética possibilitada, compartilhada e aplicada por todos. Porém, esta época nos trouxe também desafios, culminando em um mal estar vivido pela sociedade em relação aos seus cinco pilares fundametais: O Estado, a família, a escola, a igreja e o trabalho.

 

 

A crise emergente nestas instituições provocam drásticas consequência culturais, sociais e comportamentais, perdendo-se desta forma a autoridade de figuras parentais que sempre orientaram moralmente as ações da sociedade, como o professor, o político, o padre, etc. Tal fato promove uma crise civilizatória aonde o princípio do prazer se evidencia e se sobrepõe ao princípio do dever.

 

 

Outro fator influente é a própria violência gerada pelo capitalismo exacerbado, fator que influência o papel da escola, tirando-a do seu papel epistemológico e dialético e fazendo dela uma simples formadora de recursos para o mercado de trabalho, um seja uma “semiformação”. “Auschwitz não representa apenas (!) o genocídio num campo de extermínio, mas simboliza a tragédia da formação na sociedade capitalista. A “semiformação” obscurece, mas ao mesmo tempo convence” (ADORNO, 2010, p.22).

 

 

Ora, quando o ser humano é transformado em recurso, perde-se a dignidade humana e o reconhecimento de si mesmo como um ser humano, anestesiando-se para a solidariedade e oportunizando a diversas formas de violência.
De acordo com informações fornecidas pela Prova Brasil 2013, 1 em cada 6 diretores de escolas públicas alegam terem visto alunos portado armas no ambiente escolar.

 

 

Ainda, segundo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os estudantes brasileiros lideram o ranking de indisciplina em sala de aula. É evidente o aumento da violência de forma geral, como também a sua banalização por parte de seus atores. Logo, a inter-relação entre a violência social e violência escolar cria um intercâmbio de atos violentos, sendo a escola influenciada e também sendo a própria influência, resultando em um processo cíclico de desajuste: “A criança desajustada, por contraste, tem necessidade de um ambiente cuja tônica seja o cuidado, e não o ensino; este é um assunto secundário que pode assumir às vezes um caráter especializado, tendo mais a natureza de um remédio que de uma instrução escolar” (WINNICOTT, 1993, p.213).

 

 

Desta forma, a educação é aquela que permite promover um aprofundamento da consciência social, ética e moral por parte dos discentes, docentes e comunidade, tendo a escola não como um meio de educação formal, mas principalmente como uma instituição social e política cujo papel é desenvolver as potencialidades do indivíduo, propondo a inserção de novas temáticas no conteúdo pedagógico de cada escola, promovendo reumanização e solidariedade por meio de uma educação humanitária e ontológica, onde o Ser seja novamente o primordial.

 

 

Redação Abrace – Programas Preventivos

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