Segundo estudos, 20% dos estudantes já praticaram bullying no ambiente escolar. A violência atinge alunos, educadores e funcionários e desponta como uma forte causa para dificuldades de concentração e desenvolvimento. Para as escolas que querem investir na solução para essa grave questão, o SINEP/MG e Abrace trazem programas e produtos que farão de 2017 um ano sem bullying
Há tempos, o bullying vem sendo um insensível protagonista de problemas que têm como palco principal o ambiente escolar. Como prova, números preocupantes fazem parte da realidade de escolas brasileiras: 46,6% dos estudantes do último ano do ensino fundamental já se sentiram humilhados por colegas, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNse), realizada, em 2015, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mais do que um assunto incômodo, a violência física e moral provocada pela prática de bullying gera sérias consequências em suas vítimas; problemas de socialização e aprendizagem são alguns deles. Por isso, lutar contra a situação é mais que importante. Torna-se essencial.
Diante desse cenário, a Abrace – Programas Preventivos e o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Minas Gerais (SINEP/MG) uniram-se pelo fim do problema. Apostando em empatia e educação, por meio de programas pedagógicos bem estruturados, as instituições assumem a frente na batalha contra o bullying e zelam por crianças e adolescentes, pois acreditam que eles são parte essencial do futuro. Como resultado dessa parceria, as organizações estão lançando o livro “Bullying, Ética e Direitos Humanos” na Região Sudeste. A obra – escrita pelo filósofo, pedagogo, especialista em Filosofia e Direitos Humanos e diretor da Abrace, Benjamim Horta, e pelo advogado curitibano Euclides Vargas – tem como objetivo trazer essa forma de violência e as maneiras de combate-la ao centro de discussões entre alunos do Ensino Médio.
Com 232 páginas, a publicação, que faz parte do programa Escola Sem Bullying, da Abrace, explica a questão de forma clara, objetiva e aponta sinais perceptíveis àqueles que são vítimas, espectadores e agressores, além de instruir alunos em relação à melhor maneira de agir diante do problema e de trazê-lo à luz de aspectos jurídicos. “Falar sobre bullying é muito mais que conscientizar alunos sobre as psicodinâmicas escolares que acontecem diariamente no Brasil e no mundo”, explica Horta. “É preciso reconceituar o tema, suas definições e critérios de identificação, com o objetivo de levantar questões que dizem respeito não somente ao que é certo ou errado, bem ou mal. Mas sim ao que é ético, moral e excelente, e de como essas questões podem nos ajudar a compreender a humanidade do ponto de vista autônomo e empático, possibilitando a reumanização da sociedade”, finaliza. O lançamento oficial do livro em Minas Gerais acontecerá no dia 7 de abril de 2017, na cidade de Caeté, durante o Encontro Mineiro de Educação.
Para fortalecer a luta contra esse sério problema, os parceiros SINEP/MG e Abrace unem seus recursos e contam com alicerces bastante sólidos: além do livro “Bullying, Ética e Direitos Humanos”, dispõem da ajuda do aplicativo Escola Sem Bullying, já disponível para IOS e Android. A plataforma é pioneira no país no auxílio e combate ao bullying e cyberbullying nas escolas. Dividido em quatro partes, ela conta com a seção Quem somos, em que é possível saber mais sobre o programa, suas motivações e desenvolvimento. Sobre o bullying, uma porção didática do aplicativo, reúne informações pertinentes sobre a definição desse problema e sobre suas práticas mais comuns. Conselhos agrupa orientações acerca da prevenção e do combate às agressões e possui diretrizes importantes sobre a maneira de agir diante da violência. E, finalmente, o Denuncie, parte reservada para denunciar bullying vivido ou presenciado.
Emiro Barbini, presidente do SINEP/MG, apoia a Abrace em seus projetos de prevenção e combate a essa forma de violência. Como instituição preocupada com a educação e o desenvolvimento dos jovens brasileiros, o sindicato busca um ambiente escolar mais saudável e acolhedor para todos.
Bullying: o panorama de um problema nacional
Os dados, citados logo no começo deste texto, da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNse) mostram um aumento das práticas de bullying dentro das escolas brasileiras. Se, em 2015, o número de alunos incomodados com as agressões era de 46,6%, em 2012, a porcentagem era menor: 35,4%.
Neste ano, outro levantamento demonstrou a seriedade da questão: realizado pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP), da Universidade de São Paulo (USP), um estudo mostrou que 20% dos estudantes já praticaram bullying contra colegas de escola. No entanto, 51% não souberam explicar o que motivou a agressão.
Mas, se as razões costumam ser nebulosas, as consequências são bastante claras: além de um possível isolamento e de queda do rendimento escolar, crianças e adolescentes vítimas desse tipo de violência podem apresentar doenças psicossomáticas e sofrer traumas que influenciem seu desenvolvimento emocional e cognitivo. Em casos extremos, o bullying pode levar o jovem a considerar opções trágicas, como o suicídio.
Sobre a Abrace
Fundada por Benjamim Horta, a Abrace – Programas Preventivos é uma empresa que transforma ambientes sociais por meio da educação, melhorando as relações interpessoais que se estabelecem em diversos locais como escolas, empresas e órgãos públicos. Com sede em Curitiba (PR), promove cursos, políticas pedagógicas de prevenção, treinamentos, palestras e atendimento clínico, dentre outras ações. Benjamim é pedagogo, especialista em Filosofia e Direitos Humanos e estudante contínuo de psicanálise. Começou a trabalhar na área de educação na Inglaterra, onde morou por quatro anos. De volta ao Brasil, criou a Abrace, onde lidera projetos na área educacional voltados a políticas preventivas de violência escolar, assédio moral e promoção da saúde emocional.
Com uma abordagem pedagógica leve e instrutiva, a instituição criou o “Escola Sem Bullying”, programa de ação interdisciplinar que combate a questão em diferentes frentes e conta com números animadores para impulsionar seu trabalho: após sua implementação, 98% dos participantes contam que se sentiram mais à vontade para denunciar agressões. Além disso, cerca de 94% das crianças e adolescentes que participaram da iniciativa não sofrem mais bullying na escola. A Abrace sabe que o caminho que se estende pela frente ainda é longo, mas sente orgulho por poder participar ativamente de uma mudança tão benéfica e significativa.