Programa de referência em prevenção ao bullying é adotado pela Chapel School.

“No início do ano letivo, o Programa Escola Sem Bullying, do Instituto Abrace – Programas Preventivos, passou a integrar o currículo socioemocional da Chapel School. A adoção do programa é uma ação resultante de nosso processo de autoestudo junto à agência pela qual somos acreditados, a The New England Association of Schools and College (NEASC), que envolve um processo rigoroso e contínuo de autorreflexão e melhoria escolar, e com o qual a Chapel School está comprometida.

Partindo do princípio de que nenhum aluno consegue aprender se não estiver emocionalmente bem, o programa envolve toda a comunidade escolar em um movimento contínuo de prevenção total ao bullying e desenvolvimento de relações saudáveis e respeitosas. De acordo com o processo de autorreflexão praticado constantemente pelo colégio, buscou-se um programa que estivesse alinhado com os valores da Chapel, e cuja abordagem privilegiasse o desenvolvimento da empatia e da autoconfiança nos alunos. “A Chapel sempre adotou como postura entender a complexidade das relações humanas e criar um clima positivo de comunidade e de inclusão. A adoção do Escola Sem Bullying se deu justamente porque o colégio se preocupa continuamente com a formação do ser humano e, nesse sentido, o programa é de extrema importância para atingir a consciência interna dos membros da comunidade, principalmente quanto às questões psíquicas que envolvem situações de violência nas relações humanas”, avalia Luciana Brandespim, coordenadora de Character Education.

A Abrace – Programas Preventivos foi escolhida por ser uma organização brasileira com alcance internacional e também em razão da metodologia utilizada, uma fusão do Olweus Bullying Prevention Program – programa norueguês considerado o mais eficaz no combate e prevenção ao bullying do mundo – e o programa da Abrace, desenvolvido pela própria instituição. O trabalho é feito em parceria com a Clemson University, da Carolina do Sul, nos EUA, e inclui a utilização de práticas restaurativas, que consistem na aplicação de uma disciplina positiva. “Por meio de uma abordagem dialógica e sempre positiva, é primordial que os alunos envolvidos em alguma questão de intimidação consigam entender um pouco melhor de si mesmos, do outro e do contexto em que estão inseridos”, explica Benjamim Horta, diretor-geral da Abrace.

A metodologia utilizada prevê que todas as pessoas inseridas direta ou indiretamente na escola – incluindo a comunidade externa – tenham contato com o tema. Por isso, inicialmente, um comitê formado por representantes dos professores, funcionários, direção, corpo administrativo, alunos e famílias recebeu um treinamento de três módulos em dezesseis encontros: fundamentos do programa, metodologia e melhores práticas. O passo seguinte foi a capacitação dos professores e funcionários, depois, houve reuniões com pais e alunos e, ao longo deste ano, o programa será expandido para toda a comunidade escolar. “O conjunto de ações preventivas de combate ao bullying deve ser comum a todos os colaboradores do colégio”, explica Mr. Horta, complementando: “O trabalho deve ser completo, constante e a longo prazo, pois se trata da instauração de uma cultura para aprendermos a nos relacionar de modo respeitoso e gentil. E isso passa bem longe da punição ou da imagem de um bedel vigiando o corredor, está relacionado com aprender a ser e aprender a conviver”.

O aluno Pedro Loureiro, do 11º ano, integrante do comitê, concorda: “Aquele estereótipo de bullying, em que o aluno grandão passa derrubando os livros do nerd, não existe na vida real. Muitas agressões são cometidas sem a pessoa ter noção de que está magoando a outra, principalmente no ambiente online, e daí vem a importância desse programa. Não se trata de uma mera vigilância, mas sim de realmente mostrar para os alunos como eles podem lidar com situações de violência a partir deles próprios, e também de saber que podem contar com todos os adultos da escola para resolver qualquer problema, na tentativa de quebrar as barreiras que existem entre nós”.

Apesar de ser um fenômeno global, este nem sempre é corretamente identificado. Algumas brincadeiras ou conflitos interpessoais podem ser erroneamente classificados como bullying, ao passo que atos de intimidação são, muitas vezes, caracterizados como brincadeiras. Mr. Horta afirma que “o bullying é muito mais subjetivo, grave e doloroso do que se possa imaginar”. Em maio de 2019, a Unesco publicou um relatório sobre violência escolar constatando que 58% dos estudantes que sofreram cyberbullying não contaram aos pais. Os motivos para guardar segredo, segundo Mr. Horta, são vários: vergonha, receio de que o problema piore ou medo de sofrer alguma retaliação são alguns deles. Por isso, o intuito do programa da Abrace não é criar uma cultura de denuncismo, que apenas contribui para manter a vítima na posição de vítima, mas, sim, criar mecanismos para que o estudante encontre facilidade de se comunicar com algum adulto para uma intervenção imediata. “O trabalho é feito para que, a longo prazo, o aluno se sinta empoderado e acolhido dentro das suas características, como ele realmente é. Não se trata de transformar agressor e agredido em melhores amigos, mas de se estabelecer uma convivência sem transtornos ou danos a ninguém, respeitando os limites éticos de cada um”, analisa o diretor da Abrace, complementando: “Vivemos numa sociedade muito punitiva, que tem o costume de superproteger quem sofre e condenar quem pratica a violência. Nesse trabalho, precisamos entender que o comportamento de quem é agressivo também pode ser um pedido de ajuda ou grito de socorro”.

O programa é orgânico e se adapta à realidade de cada colégio, o que foi elogiado pelos professores que participaram da capacitação. “Senti no curso um cuidado especial com as particularidades da nossa comunidade, nada foi imposto, adaptamos todo o conteúdo do curso para a nossa cultura”, comenta Sylvia Almeida, professora de Artes do HS. Para a professora de Religião do ES, Ana Lucia Dias, o programa será importante para reforçar a atmosfera acolhedora que predomina na Chapel: “Nosso colégio tem um ambiente muito bom, um ambiente familiar, que deve ser bastante cuidado. Acredito que o programa vem complementar algo que a Chapel já faz com muita dedicação, que é aprimorar essa conexão e empatia que mantemos dentro e fora da sala de aula”. ”

 

Única instituição brasileira a palestrar no Fórum Mundial Antibullying, em Dublin, no ano de 2019, a Abrace – Programas Preventivos foi reconhecida pela Unesco, em 2017, como programa referência de combate e prevenção ao bullying no Brasil. A instituição auxilia no desenvolvimento de políticas públicas antibullying no País ao integrar a Frente Parlamentar de Combate ao Bullying e Outras Violências, do governo federal. Fundada em 2012, já atendeu mais de 50 mil alunos no Brasil.

 

 

Fonte: Matéria publicada pela Inside Chapel #22. Republicação autorizada pelo Conselho Editorial da Chapel School/SP.

 

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