Peso corporal é fator predominante em casos de bullying.

Uma pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta o peso corporal como fator predominante para a ocorrência de bullying frequente (BF) entre alunos das escolas brasileiras. Estes também são apontados como muito mais propensos a comportamentos de risco, como o consumo de drogas ilícitas, álcool, cigarros e laxantes (ou indução ao vômito), quando comparados com os demais alunos.

As informações estão no Texto para Discussão nº 1928 – Discriminação contra os estudantes obesos e os muito magros nas Escolas Brasileiras, produzido com base na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2012, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde (MS).

De acordo com a análise, na rede pública, 54% dos estudantes que se acham “muito gordos” dizem que são vítimas de bullying. Nas escolas particulares, o índice é ainda mais alto, 63%. Entre as garotas, 34% das que se consideram “muito magras” se sentem sozinhas quase sempre. Já no caso dos meninos, 19% dos que se encaixam nesse perfil se sentem da mesma forma.

Para o autor do estudo, o técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto, Luis Claudio Kubota, os dados indicam, ainda, que os alunos que se auto classificam “muito gordos” ou “muito magros”, especialmente aquele motivados por sua aparência física, estão sujeitos a serem bullies ativos (39,4%, provavelmente como mecanismo de defesa), a sentirem solidão (32,5%), a sofrerem de insônia (15,5%), violência familiar (24,3%), agressões (38,1%) e lesões (23,3%). Um elevado percentual está envolvido em brigas e avalia que seus pais raramente, ou nunca, entendem seus problemas e preocupações.

Os resultados não são tão críticos para os que se classificam como “gordos”, quando comparados aos “muito gordos”. Apenas 12,1% sofreram de bullying frequente e, para aqueles que são vítimas desse tipo de discriminação, a aparência corporal foi a motivação para 36,5%. No caso dos estudantes “muito magros”, vários indicadores são piores que os dos “gordos”. Como, por exemplo, o consumo de drogas ou fórmulas para perder (21,2%) ou ganhar peso (23,1%) é o mais elevado. Os dados no geral são mais favoráveis aos estudantes “magros” e “normais”.

A pesquisa

Realizada pela primeira vez em 2009, a PeNSE abrange uma ampla gama de assuntos, incluindo informações demográficas, hábitos alimentares, imagem corporal, exercícios físicos, consumo de cigarros, álcool e outras drogas, saúde dental, comportamento sexual, rede de proteção, violência e acidentes.

A versão 2012 traz uma amostra de 132.123 estudantes, dos quais 110.873 estavam presentes na data da coleta de dados, que foi realizada por meio de questionários instalados em smartphones.

Responderam à pesquisa 109.104 alunos. Seu público-alvo são estudantes do nono ano do ensino fundamental (antiga oitava série), de escolas com quinze ou mais alunos, de 26 capitais de Estado e o Distrito Federal (DF).

As cidades restantes foram agrupadas em cada uma das cinco Grandes Regiões (GR) a que pertenciam, formando cinco estratos geográficos.

 

Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

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